Bedwang é uma região formada por diversos arquipélagos tropicais na parte sudeste dos Mares do Sul, habitada por diferentes povos nativos que em sua maioria fazem parte da Aliança Nagaraja. Várias das ilhas e rotas entre elas são disputadas a séculos por marinheiros e corsários de Aurin e Windlan e pelos Piratas de Iblis, enquanto que Jazirat Al-Nilak, o Império Ming e as Ilhas Akitsushima possuem acordos comerciais com as ilhas maiores, estabelecendo entrepostos e rotas. Durante a estação das monções, o clima impede navegantes de usarem boa parte das rotas marítimas que deixam Bedwang, o que faz com que durante os longos meses de espera eles acabem se integrando à cultura local, tornando as cidades portuárias bastante diversificadas.
As Ilhas de Angker são cobertas por selvas fechadas e escuras, que servem de refúgio a tribos guerreiras, piratas e uma infinidade de estranhas criaturas. Em seu centro fica Biringan, a maior cidade de Bedwang e o mais próximo de uma capital para a região.
O Reino da Serpente é formado por ilhas que um dia abrigaram um extinto Império Naga, destruído por um cataclismo que as tornaram um local sombrio e repleto de demônios.
As Ilhas Haligi são um arquipélago isolado nos limites de Bedwang, com algumas pequenas ilhas em sua superfície e um imenso reino submarino em suas profundezas.
(Clique no nome da região para ouvir a trilha sonora correspondente)
Nas ilhas tropicais de Angker cada selva, montanha e enseada guarda algum segredo único, tornando esse lugar uma das maiores fontes de histórias de marinheiro duvidosas de todo o mundo conhecido. Castigada por tempestades e vulcões, Angker é habitada por vários grupos diferentes de nativos humanos, sendo os Taong-Pulan os mais numerosos. Esses ilhéus chamam atenção por suas tatuagens e roupas de um vermelho vivo, e habitam cidades e aldeias costeiras de onde saem seus imensos balangués, canoas rústicas com velas coloridas que carregam cabanas de palha inteiras. A maior dessas cidades é Biringan, uma metrópole antiga de atmosfera mágica que ocupa toda uma baía de uma das ilhas.
Mesmo sendo conhecedores do arquipélago, os Taong-Pulan temem e respeitam suas matas, por onde caminham criaturas sinistras como os Tikbalang de cabeça equina e corpo delgado. Mas nem mesmo as cidades mais movimentadas estão livres de monstros, e pelas docas úmidas vampiros voam nas noites quentes enquanto os crocodilos Buwaya guardam as almas tomadas por seus mestres em baús cobertos de limo. No interior das ilhas, florestas sagradas abrigam as Diwata, seres poderosos ligados a Veridia que são tratados como divindades por muitas aldeias, e que cultivam jardins mágicos onde pacíficos seres vegetais dividem espaço com plantas carnívoras gigantes. Os mares por sua vez são o lar de inúmeras raças aquáticas, e de monstros marinhos que vão de arraias voadoras a leviatãs lendários devoradores de luas. Piratas também frequentam essas águas, mas algo sombrio deixado por antigos colonos fez com que muitos fossem amaldiçoados pela força conhecida como Ouro do Diabo, tornando as rotas marítimas da região ainda mais perigosas aos navegadores que ousam se aventurar por elas.
Há centenas de anos, o Reino de Gulungan prosperou no conjunto de ilhas que hoje é conhecido como o Reino da Serpente, chamado assim pelas antigas linhagens de Nagas que, segundo as ruínas espalhadas pelo arquipélago, ajudaram a erguer e governar seus templos, zigurates e estradas sinuosas, defendendo seus aliados humanos de ameaças vindas do continente próximo como os Rakshasa e os Dragões Negros. No centro da maior das ilhas, batizada com o nome do extinto reino, a grande cidadela que era a capital e coração de Gulungan ainda surpreende exploradores com suas elaboradas construções de pedra, agora reclamadas pela selva úmida e pelas criaturas que nela se abrigam. Relatos sobre plantas carnívoras, símios colossais e até mesmo dinossauros são apenas uma pequena parte das histórias contadas por aqueles que já tiveram algum contato com Gulungan.
Murais encontrados nas ruínas indicam que Gulungan era uma nação milenar, talvez mais antiga mesmo que seus primeiros ocupantes humanos. Imagens mostram nagas e dragões enfrentando uma raça de gigantes e criaturas insetóides, mas ainda é escasso o conhecimento sobre o que é história e o que é alegoria. O que se sabe é que quando a Tribo de Iblis expandiu seu alcance até o arquipélago de Bedwang, o Reino de Gulungan sucumbiu após uma inteira estação de tempestades cataclísmicas, com os sobreviventes lutando pelo que havia restado e rapidamente sendo corrompidos pela fome, pela amargura e pela influência demoníaca de Iblis e seu patrono Baal. Alguns dos remanescentes do povo de Gulungan distorceram as práticas de seus ancestrais Naga e se transformaram em homens-serpente, indo do desejo de retomar a glória de seu antigo Reino para uma sede de poder que os leva a realizar rituais profanos nas profundezas da selva, unindo fragmentos de conhecimento perdido da sua nação com as energias abissais que macularam a ilha.
Mas além desses descendentes, outros povos também frequentam e habitam o arquipélago, vindos de Mahatala, Ming ou dos muitos povos nativos das ilhas próximas. Os Nômades Barqueiros estão entre os mais numerosos, e muitos se assentaram em pequenas vilas costeiras de bambu e madeira, trazendo consigo a arte do wayang kulit, um teatro de sombras que segundo alguns estudiosos guarda segredos arcanos. Existe também uma colônia de Piratas de Iblis na Ilha Kolo, e recentemente a Esquadra Seláquia ajudou a estabelecer o porto independente de Kamardikan na própria Gulungan. Rumores sobre os antigos tesouros do Reino Naga, ainda perdidos na sombra de suas ruínas, continuam a atrair exploradores do mundo inteiro, trazendo navios e aeronaves carregadas de aventureiros até as praias tropicais e montanhas enevoadas do arquipélago.
Localizadas no extremo leste de Bedwang, as Ilhas Haligi são a fronteira entre dois mundos. Acima do mar, ficam as ilhas propriamente ditas, um arquipélago de praias paradisíacas e florestas de palmeiras, com alguns vulcões ou lagos de crateras nas ilhas maiores. Muitas delas são desertas, servindo de lar apenas para animais selvagens, caranguejos gigantes e espíritos elementais. Algumas dessas ilhas desabitadas são usadas como refúgio por contrabandistas de Akitsushima, piratas de Ming ou de Iblis, mercadores de Aurin ou, mais recentemente, pelos Arautos do Vapor. Mas a maior presença humana na região são as aldeias dos Guse’Kajulo, um povo que vive de forma simples em rústicas cabanas de palmeira, mas é conhecido por seus hábeis e destemidos mergulhadores, capazes de pescar tanto no calor fervente das fendas de magma submersas como no frio de águas profundas.
Mas nem mesmo os Guse’Kajulo se aventuram nas colossais Fendas Fosforescentes que se estendem para além das encostas vulcânicas e dos recifes de coral violeta. Abaixo da superfície da água, existe uma das mais complexas regiões submarinas do mundo de Keleb, e a mais profunda de todas. Diferentes povos aquáticos ergueram seus reinos entre as Ilhas Haligi, e embora os nativos estejam ligados a algumas delas, como os gigantes vermelhos das chaminés de vapor e as sereias de pele morena dos atóis rochosos, outras passam suas vidas inteiras sem qualquer contato com a luz do sol, inalcançáveis exceto por magia poderosa ou pelos ainda incipientes veículos submarinos. Uma outra raça de sereias é mencionada nas histórias de suas irmãs, vivendo em cidades rudimentares esculpidas na face dos abismos submersos, de onde nadam para a escuridão. Desprovidas de qualquer pigmentação, elas são vistas como violentas pelas que vivem mais perto da superfície, e usam sua bioluminescência natural apenas para caçar ou para emitir avisos aos outros membros de seus clãs.
Mas elas não são as únicas criaturas inteligentes a habitar as partes mais profundas das Fendas. As matriarcas das sereias dos atóis sussurram sobre criaturas dracônicas de proporções absurdas, além de krakens, aboletes e outros seres ainda mais estranhos tentando estabelecer seus próprios domínios. Porém, esses são apenas rumores vagos diante da ameaça presente de uma das mais antigas cidades dos Seres Abissais, cujo nome é conhecido apenas pelos membros de sua raça. Os homens-peixe que habitam essa cidade ancestral travam uma guerra sangrenta contra as sereias das Fendas desde que estas se tornaram uma presença proeminente, e seus ataques em águas menos profundas, e até mesmo na superfície, têm se tornado mais frequentes a cada ano, o que leva as matriarcas a acreditar que eles temem que as expedições cada vez mais ousadas dentro de seu território revelem algum segredo terrível, escondido entre suas torres de luz etérea.