Criaturas de Ararauma quinta-feira, maio 30 2013 

Boitatá

Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer ‘cousa de fogo’, o que é o mesmo como se dissesse ‘o que é todo de fogo’.

(José de Anchieta)

Um dos mais poderosos espíritos de Ararauma, as Boitatás vivem na fronteira mais tênue entre o mundo material e o Aether. Surgindo em um clarão fosforescente, elas se manifestam como gigantescas serpentes de fogo-fátuo. Seus corpos  são preenchidos por esferas incandescentes, que têm uma semelhança assustadora com olhos luminosos. As Boitatás invocam e controlam chamas etéreas, que podem cegar permanentemente com seu brilho. Seus corpos queimam até mesmo sob a água, onde a criatura costuma se esconder quando protege cemitérios indígenas e outros locais sagrados. O ritual xamânico para invocar uma Boitatá é bastante perigoso, e costuma exigir globos oculares como pagamento, considerados por elas uma regalia. Existem caçadores canibais especializados em extrair e conservar os olhos de suas vítimas para esse propósito, inclusive os utilizando como moeda de troca com outras tribos.

Curupira

Aqui há certos demônios, a que  os  índios chamam Curupira , que os atacam muitas vezes no mato, dando-lhes  açoites  e  ferindo-os  bastante.

(José de Anchieta)

Na Mata do Caranguejo vive uma raça de seres mágicos e furtivos, que aterroriza os nativos desde tempos remotos. De baixa estatura, os Curupiras possuem cabelos vermelhos desgrenhados, pés voltados para trás e presas bestiais que lhes dão um aspecto feroz. Eles  são conhecidos por fazer caçadores se perderem na mata com seus poderes de ilusão, lhes pregando peças violentas e cruéis. Porém, eles também são respeitados pelo forte senso de proteção com o mundo natural, com o qual têm profunda ligação. Curupiras são prodigiosos conhecedores dos segredos da magia xamânica, andando sempre na companhia de animais selvagens, especialmente queixadas, macacos e tigres dente-de-sabre. Não existem Curupiras fêmeas, o que faz com que o instinto selvagem dessas criaturas só possa ser aplacado por fêmeas humanas. Consensual ou não, o filho dessa união é sempre uma linda moça ou um anão feioso, que em ambos os casos herda os poderes do pai.

Ipupiara

Não quero omitir a narração que ouvi de um deles de um episódio de pesca. Disse-me ele que, estando certa vez com outros em uma de suas canoas de pau, por tempo calmo em alto mar, surgiu um grande peixe que segurou a embarcação com as garras procurando virá-la ou meter-se dentro dela. Vendo isso, continuou o selvagem, decepei-lhe a mão com uma foice e a mão caiu dentro do barco e vimos que tinha cinco dedos como a de um homem.

(Jean de Léry – Viagem À Terra do Brasil)

Amaldiçoados pela Mãe d’Água, os Ipupiaras são parte do que restou da sanguinária tribo Curuton, responsável pela destruição da Aldeia de Barro. Condenados a guardar as ruínas do que restou do grande povoado, eles se tornaram seres marinhos com longas caudas escamosas e garras afiadas, e se espalharam pelas águas do Reino Turquesa. Sem conseguir viver muito tempo longe do oceano, aos poucos ficaram ainda mais agressivos, nutrindo um ódio por todas as criaturas terrestres. Os habitantes das profundezas também não escapam da selvageria dos Ipupiaras, e os elfos do mar os combatem fervorosamente, considerando uma honra vencê-los em combate. A presença desses monstros pode ser notada pela presença de cadáveres de golfinhos e outros animais na costa, deixados para morrer na areia após terem partes de seus corpos mutiladas e devoradas. Mais de um pescador desavisado já sofreu esse terrível destino, segundo as histórias contadas na região. A face hedionda e com grandes presas dos Ipupiaras serviu de inspiração para as carrancas usadas como figura de proa pelos marinheiros do Reino Turquesa, usadas para assustar e afugentar espíritos malignos.

Galeria – Esquadra Delfina quarta-feira, maio 8 2013 

Ousados e destemidos, os corsários da Esquadra Delfina chamam atenção por onde quer que passem com suas roupas extravagantes e modos teatrais. Financiada por vários cartéis e famílias ricas de Aurin, a esquadra tem como principal objetivo dominar rotas de comércio com nações distantes e colônias do Imperador Leon. Seus capitães são vistos com desconfiança, mais preocupados em encher seus cofres do que em defender a nação. No entanto, suas posses, influência e carregamentos lotados de especiarias impedem um julgamento mais rigoroso. De fato, é possível dizer que muitos dos confortos aos quais a alta sociedade aurinesa está acostumada não seriam possíveis se não fossem os empreendimentos realizados por essa esquadra.

Grande parte de seus integrantes é formada por caçadores de emoções, aventureiros que não pensam duas vezes em assumir os riscos de um trabalho perigoso se tiverem garantida sua parte no butim. Entre eles se pode encontrar todo tipo de gente: nobres destituídos, burgueses entediados, trapaceiros e meretrizes. Os capitães possuem uma preferência por chapéus com plumas e trajes que lembrem de alguma forma sua origem abastada, embora eles muitas vezes se encontrem esfarrapados e abatidos pelas longas viagens. Os marinheiros gostam de roupas coloridas e da companhia de animais exóticos, especialmente aves como papagaios e araras. Todos adoram desafios e apostas, principalmente se os mesmos forem de uma natureza refinada, como esgrima, jogos com cartas ou tiro com pistolas de duelo. O requinte é estendido a outras atividades que apreciam, como a música e o flerte.

Ultimamente, as habilidades sociais dos Delfins, como alguns os chamam, têm feito com que sejam envolvidos em outras missões a serviço de Aurin. A maioria é oficialmente de caráter diplomático, mas nelas se escondem também serviços de espionagem e sabotagem. A Esquadra Delfina também possui, obviamente, carta branca para atacar navios inimigos, preferindo como alvos os Piratas de Iblis e os Caveiras Caolhas. Uma inusitada contribuição é a que prestam para a comunidade científica, uma vez que suas constantes viagens para colônias ainda pouco exploradas atraem naturalistas aurineses, enviados com o objetivo de coletar espécimes nativos para os museus e universidades da capital, sempre pagando generosas quantias aos corsários pela carona e proteção.