Nem todas as almas daqueles que morrem em Keleb deixam completamente o mundo material para desaparecer no Aether. Quando ainda existe alguma ligação com o plano físico, esses Espíritos se utilizam dela para se manifestar ou até mesmo existir de forma permanente. Alguns possuem sua própria agenda e objetivos, que podem ser a âncora que os prendem ao mundo carnal. Outros são invocados por xamãs ou necromantes para prestar auxílio em uma tarefa específica ou para se tornarem subordinados de suas vontades. Diferentemente dos mortos-vivos sem mente gerados de forma espontânea ou artificial através da energia de Putridum, os Espíritos mantém memórias de suas antigas existências, e se agarram firmemente a elas mesmo quando suas consciências se corrompem no processo de existir como uma sombra no plano material. As lembranças são sua mais importante e por vezes única posse, e a única coisa que verdadeiramente os sustenta na pós-vida.

 Ancestrais

Os mais antigos e nobres entre os Espíritos são os Ancestrais, que costumam passar a maior parte do tempo em outras camadas do Aether, mas permanecem ligados ao plano material através de laços de hereditariedade e de herança cultural. Muitos são tratados por seus descendentes e discípulos de forma praticamente divina, executando funções parecidas com as dos Aeons. Guardiões de sua linhagem e da memória de seu povo, eles são convocados através de cerimônias especiais em seus túmulos consagrados, ou através de magias poderosas de evocadores de Espíritos. Ancestrais costumam assumir a forma de seres espectrais de energia luminosa, muito raramente assumindo uma forma corpórea. É possível encontrá-los entre os Loas do Continente Negro e nos Espíritos Totêmicos de diversas culturas xamanistas. Sua presença também é forte na magia divina dos Reinos Orientais, em especial nas Ilhas Akitsushima e no Império Ming. Algumas das antigas culturas de Aurin e Windlan também realizavam cultos aos Ancestrais, mas essas práticas estão hoje perdidas em suas civilizações modernas, sendo apenas um motivo de curiosidade para a comunidade científica.

Fantasmas

Pelo mundo inteiro existem histórias sobre lugares abandonados atormentados por assombrações. Sejam antigas mansões windlesas, fazendas de escravos aurinesas ou navios misteriosos flutuando à deriva pelo oceano. Quando um local é marcado por algum evento especialmente violento ou traumático, ou quando é exposto em demasia a certos tipos de influência mágica, existe uma grande possibilidade de que ele passe a ser o lar de Fantasmas, ecos de eventos passados que se manifestam através de aparições incorpóreas. Os Fantasmas mais comuns são formados pelas memórias de um único indivíduo, aprisionado no lugar que lhe serve de vínculo. Mas existem também aqueles que são formados por consciências coletivas, reunidas por um mesmo sentimento na hora da morte. Acorrentados em suas lembranças, os fantasmas se tornam alheios à passagem do tempo, realizando eternamente a mesma rotina até serem perturbados pela presença de uma nova consciência em seus domínios. A reação a essas intromissões não costuma ser amistosa, uma vez que devido à fragilidade de suas existências os Fantasmas são os Espíritos que mais facilmente sucumbem à loucura.

Retornados

Enquanto os Fantasmas são efeitos colaterais de acontecimentos que ferem a barreira do Aether, os Retornados são frutos da ação deliberada de forças sombrias como rituais e maldições, impulsionadas por memórias ligadas a sentimentos latentes como vingança, mágoa ou abandono. Atormentadas por seus desejos não realizados, as almas dos Retornados costumam ter uma aparência lúgubre, como uma sombra esquelética. Não é de todo incomum que um Retornado ainda possua seu próprio corpo, ainda que este se torne cadavérico e distorcido. Vinculados ao plano material pela vontade que não cumpriram em vida, os Retornados podem se transformar em criaturas terríveis, especialmente quando a loucura da não-vida confunde seus objetivos e os torna obstinados. Porém, alguns deles conseguem direcionar essa obsessão para algo mais positivo, transformando-se em espectros justiceiros ou mortos-vivos festivos, até que consigam alcançar o que precisam para poderem enfim descansar.

Eternos

Na escuridão fétida de seus túmulos decrépitos, os Eternos tramam contra o ciclo natural da vida enquanto sustentam o peso das eras. Diferente de outros Espíritos, que retornam do Aether após a morte por alguma ação externa, os Eternos persistem no mundo carnal pela fabricação de seus próprios vínculos, usando do amplo conhecimento sobre o pós-vida que possuem. Eles são os Lich das necrópoles gélidas do Norte, os Jiang Shi que corrompem monastérios inteiros no Império Ming e as Múmias Ancestrais das pirâmides de Tawosret. O aspecto que assumem como espíritos é o de uma figura enorme e imponente feita de névoa cinzenta, mas eles normalmente permanecem enclausurados em seus próprios cadáveres, que com o passar do tempo se tornam não mais do que pele e osso embrulhados em retalhos de antigas roupas extravagantes. Seus vínculos artificiais costumam ser um objeto de qualquer natureza, como um medalhão, livro ou arma, sempre guardado com extremo zelo. Uma vez tendo derrubado a barreira da morte, os Eternos anseiam por cada vez mais tempo para levar a cabo seus planos, criando exércitos de Retornados e mortos-vivos menores para protegê-los enquanto buscam feitiços que possam levá-los ainda mais longe, tentando alcançar um grau de poder e imortalidade que rivalize o dos Aeons.