Mapa de Roonock quinta-feira, nov 21 2013 

Roonock é a maior colônia Windlesa no continente ocidental de Gasparia. Suas variadas paisagens fornecem inúmeros recursos úteis para a Coroa, que estabeleceu algumas cidades no litoral e agora avança rumo ao oeste selvagem.

Boa parte do litoral é ocupado pela acidentada Costa de Brimmouth, uma extensa faixa rochosa à beira-mar que abriga Port Smoke, capital da colônia, além de vilarejos e ruínas.

O Deserto de Cobre percorre com suas areias avermelhadas boa parte da extensão de Roonock, e é lar da maioria das tribos indígenas de Asabikesh, que se vêem em conflitos constantes com os colonos invasores.

As tropicais Ilhas Kupuna ficam bastante afastadas do litoral, a Oeste, e são conhecidas por seus grandes vulcões e sua cultura exótica.

(Clique no nome da região para ouvir a trilha sonora correspondente)

Costa de Brimmouth

Brimmouth

Brimmouth é um lugar úmido e sombrio, onde violentas ondas marítimas quebram contra ilhas e penhascos rochosos. Nas praias de areia cinzenta, chuvas constantes criam estuários escorregadios e pântanos escuros, cobertos por uma névoa salgada. As tormentas costumam trazer peixes das profundezas abissais até a superfície, e às vezes coisas piores. Vagando entre as águas nas costas de uma monstruosa baleia mecânica, a cidade de Port Smoke cruza as águas escuras com suas brilhantes luzes de sinalização e imensas chaminés. Ela orienta seu trajeto por uma série de faróis dispostos pela costa, mantidos pelos sacerdotes de uma ordem religiosa conhecida como a Igreja dos Marinheiros. Próximo a eles, pequenas vilas de pescadores surgem amontoadas nos estreitos locais onde conseguem se empilhar entre as marés e os paredões de rocha. Esses lugarejos melancólicos são uma confusão de docas, pontes e telhados, e são habitados por gente rude e arisca, que se interessa em falar com forasteiros apenas para negociar os frutos do mar que recolhem em fartos volumes. Histórias falam sobre a bizarra aparência ‘peixosa’ dos moradores de algumas dessas vilas, e sobre terríveis cultos dedicados a Horrores marinhos, realizados em antigas ruínas e cavernas conectadas ao mar.

Deserto de Cobre

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Recebendo seu nome pela cor alaranjada de seu solo, o Deserto de Cobre possui na verdade uma variedade de paisagens que vai além de intermináveis mares de areia pontilhados por rochas. Cânions gigantescos, florestas de pinheiros e até mesmo vales cobertos de neve surgem na imensidão agreste, onde as caravanas de colonos windleses seguem trilhas acidentadas entre vilarejos rústicos, mantidos pela mão de ferro de seus xerifes. A cada ano, centenas de novos desbravadores chegam até o Deserto em busca de preciosos veios de Prata Celeste, ocultos nas montanhas avermelhadas. Um verdadeiro labirinto formado pelos trilhos das minas de extração já se ramifica em alguns lugares, e a promessa de riqueza fácil atrai todo tipo de oportunista ambicioso, incluindo bandidos perigosos e barões escravocratas. Segundo alguns especialistas no oculto, essa ganância excessiva é a principal causa do grande número de relatos de assombrações na região.

Grandes totens e rochas cobertas por petróglifos anunciam os territórios do Povo do Céu, divididos entre muitas tribos de nativos com pele vermelha e olhos profundos. Espirais de fumaça ritual se erguem entre aldeias de pedra e cabanas de pele, onde os chefes se reúnem com seu povo sob a luz das estrelas. Preocupados com a invasão crescente de seus territórios, os valentes indígenas estão dispostos a tudo para resistir à ameaça dos colonos, mas ainda estão aprendendo a lidar com a avançada tecnologia do vapor e da pólvora, e seus rebanhos de bisões diminuem a cada estação, ameaçando matá-los de fome. Entretanto, eles sabem que não são os únicos a terem o Deserto de Cobre como lar. Além das imensas Feras do Trovão em suas muitas formas, populações inteiras de korak, catfolk, lobisomens e outros humanoides bestiais espreitam nas matas, rios e desfiladeiros. Dentre os mais poderosos habitantes da região, os dragões de cobre da Linhagem de Uktena vagam pelos sinuosos labirintos de rocha, dispostos a dividir seus conhecimentos com os xamãs que se mostrem dignos de derrotá-los em um jogo de astúcia.

Ilhas Kupuna

Kupuna

O paradisíaco arquipélago das Ilhas Kupuna seria o destino perfeito para qualquer navegante, não fosse seu isolamento e difícil acesso. Ainda assim, o local é usado como base pela esquadra dos Arautos do Vapor e por ocasionais corsários de Windlan. A deslumbrante paisagem tropical esconde os vulcões ativos no centro das ilhas maiores, que sem aviso podem explodir em uma tempestade de cinzas e fumaça. Os nativos das ilhas, um povo exótico conhecido como Hui, venera os espíritos de fogo desses vulcões, reunidos na imagem de uma Aeon conhecida como Pela. Eles entendem as catástrofes como um ciclo natural da terra, e vêem como algo sagrado o encontro das torrentes de lava com as águas do oceano, de onde nascerão novas ilhas no futuro. Seus sábios, chamados Kahuna, entendem como ninguém o ciclo das marés e são capazes de entrar em comunhão com o mar, recebendo as bênçãos das imensas ondas que quebram no litoral.

Festivos e hospitaleiros, os Hui se dividem em vários clãs familiares conhecidos como Ohana, e possuem uma rica cultura apesar de seus modos rústicos. Além deles, uma variedade de raças aquáticas vive nos atóis de coral, sendo uma das mais estranhas os Squibbon, uma espécie de cefalópodes inteligentes que fazem contato frequente com os Hui. O povo-molusco idolatra uma misteriosa entidade-polvo chamada Kanaloa, que possui uma perturbadora semelhança com algumas histórias dos Horrores Antigos.

Introdução – Roonock sexta-feira, nov 1 2013 

Música

An old cowboy went riding out one dark and windy day

No topo do cânion avermelhado, a cabana de madeira quase desaparecia em meio a imensidão de rochas que corriam sinuosas entre as sombras daquele dia tempestuoso. O tempo escuro não estava bom para se navegar pelos céu, então o aeróstata Orrell Hargrave amarrou sua aeronave de ar quente nos velhos postes de madeira à margem do precipício e seguiu pela trilha empoeirada até a rústica casinha no meio do nada. Na varanda, sentada em uma cadeira de balanço,  uma mulher o observava por detrás dos seus óculos de metal e couro, uma pistola de pressão descansando elegantemente em seu colo. Com um cumprimento educado, o aviador retirou o chapéu que cobria seus cabelos cinzentos enquanto se aproximava.

-Boa tarde, madame Harriet! Deixei o meu cavalo descansando na entrada da sua propriedade. Não vou me demorar aqui, preciso apenas forrar o bucho enquanto espero a tempestade passar.

Upon a ridge he rested as he went along his way

Harriet apenas sorriu e estendeu a mão para pegar a bolsa de moedas. Relâmpagos riscavam o horizonte ao longe. Um tamborilar seco vinha dos muitos penduricalhos e amuletos indígenas pendurados nas vigas do telhado, sacudidos pela forte ventania. A porta rangeu enquanto o capitão entrava, mas o interior era muito mais aconchegante do que a desolação lá fora. Um sistema de aquecimento a vapor para as frias noites no deserto percorria as paredes com suas tubulações de cobre, perto das quais um cão enorme e peludo se esparramava como um tapete. Hargrave se sentou na mesa de jantar e uma jovem menina sardenta veio a seu encontro, trazendo uma torta. Seus cabelos estavam amarrados em uma trança e ela usava um grande brinco de pena de águia, como os nativos da região.

-Cê deve estar cansado, senhor Fantasma do Vento. Veio aqui atrás do Rebanho? Mamãe disse que passaram aqui perto hoje mais cedo.

When all at once a mighty herd of red eyed cows he saw

Hargrave levantou os olhos do prato incrédulo. Não apenas por a pequena mestiça saber o que ele estava fazendo ali, mas por ela chamá-lo por um nome que não ouvia desde que se consultara por diversão com uma cartomante chapada de ópio. Algo estranho estava em curso ali, mas se havia algo que odiava era parecer supersticioso. O aeróstata apenas assentiu com a cabeça e voltou a comer, porém mal tinha terminado o prato quando os clarões esparsos dos raios lá fora foram substituídos por um intenso e contínuo brilho avermelhado. Ao mesmo tempo em que se levantou, a porta da cabana se abriu e a Senhorita Harriet entrou, trazendo a lustrosa pistola em sua mão. Voltando seus olhos de vidro para a menina, ela falou com uma voz firme e maternal.

-É o Rebanho outra vez, Peta. Fique aqui dentro com o Scruffy e não saia a não ser que eu mande!

A-plowing through the ragged sky and up the cloudy draw 

Com o forte vento sacudindo seu casaco, o aeróstata saiu para a varanda, cobrindo os olhos com seus óculos de aviação. Ele ainda não tinha visto o Rebanho tão de perto, cruzando o céu em uma marcha ordenada como se conduzidos por um vaqueiro fantasma. Pareciam ter sido gerados em alguma oficina diabólica, com suas couraças de metal negro sobrepostas em placas pontiagudas. As engrenagens expostas nas frestas chiavam enquanto sobrevoavam a cabana com um ruído ensurdecedor, deixando um rastro de fogo escorchante. Seus faróis, que emitiam aquela luz vermelha, pareciam os olhos de uma fera monstruosa, e uma fumaça oleosa escapava das chaminés emparelhadas como chifres. Enquanto Hargrave admirava aqueles veículos infernais, a voz de Peta surgiu vinda da cabana.

-Eles são a herança do ferro e da prata, Fantasma do Vento. São o Rebanho do Diabo, nascido da cobiça e do orgulho. Ainda há setenta e sete futuros para você, mas setenta e seis irão se perder se continuar atrás dele.

As the riders loped on by him he heard one call his name
If you want to save your soul from Hell a-riding on our range

Hargrave se voltou na direção da voz e viu a menina quieta na porta entreaberta. A senhorita Harriet também olhou e a repreendeu, mas parecia não ter dado atenção às palavras, se é que havia ouvido alguma. Ela continuou vigiando a casinha até que o último autômato passou, sumindo entre as nuvens com um clarão ígneo. O rastro deles iria logo se perder na tempestade. Ajustando os arneses em seu uniforme, o aeróstata percebeu que estava ensopado de suor pelo calor do Rebanho, mesmo com a chuva fina que caía. Quando tirou seus óculos, marcas de fuligem formaram uma máscara cadavérica em seu rosto. A menina mestiça o observou com espanto e permaneceu em silêncio. Ele apenas ouviu o grito choroso de uma grande águia voando entre as nuvens enquanto caminhava de volta até a aeronave.

-Desculpe menina, mas não estou nesse ramo para ouvir sermão de criança. Obrigado pela ótima refeição, Madame Harriet. Agora, se me dão licença, preciso voltar ao trabalho e descobrir do que esse Rebanho está atrás.

Then cowboy change your ways today or with us you will ride
Trying to catch the Devil’s herd, across these endless skies