Em qualquer cidade portuária é possível encontrar alguém que tenha algo a mencionar sobre os ‘demônios do mar’ que navegam sob a bandeira de Aurin. De aparência considerada assustadora para os padrões civilizados, a Esquadra Seláquia é fruto do contato de corsários de sangue quente do Império Aurinês com diversas culturas de colônias tropicais. Assimilando em suas tripulações os aspectos mais visualmente chamativos dos povos com quem se relacionam, os Seláquios são vistos como delinquentes selvagens pelas outras esquadras, mas na verdade esses navegantes possuem um espírito livre e aventureiro, e sentem uma forte aversão em se ajustar à sociedade tradicional. Seus corpos são cobertos por tatuagens, escarificações e todo tipo de modificação corporal, e suas roupas adornadas por adereços tribais. Os Seláquios possuem uma preferência notável por armas de aspecto rústico, com entalhes de madeira e partes de osso. Suas características lâminas serrilhadas podem ser fabricadas de forma artificial, mas as mais tradicionais são revestidas com dentes de tubarão, o que deu origem ao nome da Esquadra.

Seus encontros com civilizações indígenas do Novo Mundo, do Continente Negro e de arquipélagos distantes, durante viagens com propósito original de comércio ou pirataria, acabaram por mostrá-los outras maneiras de enxergar a vida, dando a eles meios de romper com as amarras de que estavam fugindo ao ingressar no mar. Embora os líderes nativos desses locais nem sempre vejam os Seláquios com bons olhos, pela maneira algumas vezes superficial como absorvem seus traços culturais, eles os toleram pelo respeito que demonstram por seus costumes. Os capitães da Esquadra costumam de forma geral ter uma relação mais próxima com as populações das colônias aurinesas devido a essa abertura pessoal, permitindo que realizem cerimônias religiosas em seus portos e dando maior facilidade para nativos se integrarem em suas próprias tripulações. Embora a presença de não-aurineses em navios de corsários não seja incomum, a Esquadra Seláquia possui as tripulações mais diversificadas, e com maiores chances de um negro, indígena ou mestiço assumir uma posição de comando, podendo até mesmo vir a se tornar capitão de seu próprio navio.

O Império Aurinês sabe do valor da Esquadra para estabelecer acordos com as populações nativas ou obter informações sobre os territórios em que elas vivem. Por sua vez Chantal N’Diaye, a líder da esquadra, sabe que esse interesse raramente traz benefícios para seus aliados nativos, mas reconhece que sua frota é pequena e espalhada demais para se colocar contra o Imperador. Além disso, muitos dos capitães ainda possuem fortes raízes com Aurin e desejam provar seu valor à nação com o modo de vida que escolheram. Mesmo assim, ainda que o Império faça o possível para manter a lealdade dos Seláquios, é impossível que não ocorram desavenças entre eles e outros colonizadores da nação, geralmente envolvendo acordos de terras e o tratamento aos nativos. Ainda que seja uma das menores esquadras, os Seláquios são uma força reconhecidamente temida quando provocada. O conhecimento que possuem dos terrenos selvagens e as centenas de guerreiros tribais dispostos a lutar em seu favor fazem com que seus portos sejam lugares temidos e evitados. Cercadas por estacas na areia ostentando ossadas de feras marinhas, as bases isoladas da Esquadra Seláquia deixam claro que o destemor pela morte e a violência sangrenta dos ‘demônios do mar’ podem ser tão reais quanto aparentam caso sejam necessários.